Ano 2025
Semana 17/52Terça-feira, 10h30 é hora de começar a trabalhar.
Antes, houve tempo para o ginásio e um café
com vista de mar – pequenos prazeres para iniciar o dia.
Eugénia, 33 anos faz um pedido de marcação.
Falamos ao telefone, acha que precisa de ajuda;
não se sente bem, anda inquieta, mas… logo a seguir hesita: “se calhar, não é
nada”.
Sinto-a a oscilar entre o estigma e a
curiosidade. O medo de ser
"fraca" e a esperança de finalmente ser escutada. Não tem qualquer
ideia sobre o que acontece numa sessão de acompanhamento psicológico e ainda
menos na primeira.
Este medo do desconhecido é natural. Quando
alguém procura apoio psicológico pela primeira vez, raramente sabe o que
esperar. Imagina perguntas difíceis, silêncios constrangedores, diagnósticos
que talvez não esteja preparado para ouvir.
A verdade é que a primeira sessão é, acima
de tudo, um encontro.
Um espaço seguro onde uma estória começa a ser contada — sem pressa, sem
obrigação de ter todas as respostas, sem necessidade de saber por onde começar.
Durante essa primeira sessão, conhecemo-nos.
Conversamos sobre o que trouxe o paciente até cá, o que o inquieta, o que deseja transformar.
Definimos juntos
vários aspetos importantes: a duração e a periodicidade das sessões, e é pensado pelo psicólogo uma primeira hipótese terapêutica — uma bússola inicial para o
caminho que se vai traçar.
Em média, cada sessão tem a duração de 45 minutos — o tempo ideal para manter o foco e permitir um trabalho profundo, sem ser exaustivo.
A periodicidade recomendada é semanal. É entre uma sessão e outra que acontece
o processo mais silencioso e poderoso da mudança: o momento em que o psicólogo
passa como que a habitar na cabeça do paciente. Quanto maior for o intervalo
entre sessões, mais diluído se torna esse trabalho interno.
A primeira sessão não resolve tudo. Mas é onde algo muda: o
silêncio começa a ter voz, o medo encontra espaço para ser olhado e a
esperança, timidamente, acorda.
A Eugénia começará o seu trabalho terapêutico a 05 maio.
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